A partir de agora, crianças com idade abaixo de 12 anos, não poderão mais realizar cirurgia cardíaca em Limeira através do Sistema Único de Saúde (SUS). Na verdade, a Portaria 721 de 28 setembro de 2006, foi publicada na segunda-feira da semana passada no Diário Oficial da União e, desde então, o procedimento está proibido na cidade.
Não foi só em Limeira, especificamente na Unidade Coronariana (UCO) da Santa Casa, que o credenciamento com o Ministério da Saúde foi cancelado, mas em vários hospitais da região como em Piracicaba, Araras, entre outras. Não se sabe o motivo específico, de acordo com o coordenador da UCO, o cirurgião cardiovascular, Marcelo Prata. Segundo ele, não foi dada nenhuma explicação por parte do governo federal, sobre o critério para o cancelamento do procedimento. Agora, os pacientes de Limeira e também da região, que venham necessitar de qualquer tipo de cirurgia cardíaca pediátrica, desde as mais simples às mais compliadas, serão encaminhados à Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Hospitais mais próximos, além de Campinas, que continuam credenciados, estão localizados apenas na capital paulista.
Como não houve explicações para a medida, Prata supõe que a determinação seja meramente técnica. “Pode ser que eles queiram concentrar as verbas repassadas para a realização das cirurgias em apenas um local”, disse. De acordo com a Portaria, apenas hospitais de universidades realizarão os procedimentos. Além das cirurgias cardíacas pediátricas, as cirurgias endovasculares, também foram canceladas em Limeira. A Gazeta entrou em contato com a Assessoria de Imprensa do Ministério da Saúde, em Brasília, para questionar os motivos que levaram o governo federal a tomar esta decisão. No entanto, até o fechamento desta edição não houve retorno.
SURPRESA
O coordenador da Unidade Coronariana da Santa Casa de Limeira, contou à reportagem que, desde julho de 1997, quando as cirurgias cardíacas pediátricas começaram a ser feitas no local, mais de 500 crianças passaram pelos mais diversos tipos de procedimentos. “Aqui nós temos todos os equipamentos além de uma equipe completa de médicos especializados. Sem contar que temos todo o suporte da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal, entre outros departamentos”, falou. Contudo, segundo ele, não há uma explicação definida para o corte. “Se tivéssemos um índice elevado de mortalidade, dificuldade para conseguir a recuperação dos pacientes e falta de suporte, entre outros, seria justo. Mas pelo contrário, temos mantido o sucesso na maioria das cirurgias”, acrescentou afirmando que o principal prejudicado é a própria população carente, que depende do Sistema Único de Saúde.
Na semana passada, uma criança de um ano e quatro meses, que tem Comunicação Inter-Ventricular (CIV) e Comunicação InterAcrial (CIA), defeitos congênitos, foi internada na UCO para passar por cirurgia. No entanto, no dia seguinte, quando os médicos tomaram conhecimento da determinação, ela precisou ser liberada. Prata ainda disse que nem chegou a atender outra criança de quatro anos, que já tinha recebido o diagnóstico positivo de problema no coração, e precisava de cirurgia. “Orientei a família a procurar a Unicamp”, contou.
Prata deixou claro que os pacientes que mantêm convênio não sofrerão qualquer tipo de prejuízo com a medida. (RR)
Gazeta de Limeira – 22 de Outubro de 2006.